Os pais de Gordon suspeitaram cedo de seu caráter amoral.
“Desde que ele mamava no peito, eu percebi que não estabelecia um vínculo
afetivo. Mas ele era agradável com as outras pessoas, tão charmoso e atraente,
não me preocupei muito”, diz Barbara, a mãe. “Aos 7 anos, vi que algo realmente
estava mal: eu tinha de mantê-lo longe dos dois irmãos mais novos para evitar
que os agredisse. E o peguei abusando sexualmente da gata do vizinho”, diz ela.
Aos 12, Gordon foi acusado de abuso sexual contra uma
mulher. Passou alguns anos detido por essa e outras 7 ações do mesmo tipo.
Sempre negou a culpa. “Nós demos educação, carinho, viagens, imóveis – e ele
arruinou tudo”, conta a mãe. “Ele tinha sempre um motivo para pedir dinheiro
emprestado, que nunca devolvia. Nos extorquiu US$ 200 mil”, afirma ela.
Hoje, aos 24 anos, Gordon é pai de um menino de 4. “Meu maior
temor é que ele faça mal a meu neto, que vive com a mãe a 3 200 km da cidade
onde eu e meu filho vivemos”, diz Barbara, que teme até revelar a cidade onde
mora. Hoje, Gordon tenta se abrigar na casa de desconhecidos, que conhece em
pontos de venda de drogas. “Predadores são predadores, mesmo que sejam nossos
filhos. Não importa o que você fizer, eles vão sempre desrespeitar, ameaçar,
desprezar e odiar você. Negar esse fato só causa mais dor”, diz Barbara.
Ao contrário dela, a maioria das mães não consegue enxergar
que o filho é um psicopata. Mas o transtorno de personalidade começa a dar
sinais desde bem cedo, por volta dos 6 anos – em casos extremos, até antes. “A
professora do jardim de infância nota que a criança não obedece a ordens,
comete atos muito agressivos e age de forma independente do grupo”, explica o
psiquiatra Hugo Marietan, da Universidade de Buenos Aires, que estuda
psicopatas há 20 anos. “Isso acontece porque o psicopata é uma unidade em si
mesmo. Enquanto as outras pessoas se apoiam em redes afetivas, seja de parentes
seja de amigos, ele não necessita de ninguém.”
Gordon nunca teve um amigo verdadeiro. E isso faz todo o
sentido: os psicopatas não entendem a amizade. Para eles, não passa de um sinal
de fraqueza.
“Há filhos que são assim. Não importa o que você fizer, eles
vão sempre desrespeitar, ameaçar, desprezar e odiar você.” – Barbara, mãe de
Gordon. EUA.
0 comentários:
Enviar um comentário