Desde pequeno, Gustavo batia nos pais e em outras crianças.
Era algo tão grave e tão constante que o levou a ser internado aos 13 anos num
hospital psiquiátrico, onde ele ficou por um ano e meio. O tratamento não
surtiu efeito. Sua mãe, Natália, se sentia culpada e humilhada pelas outras
pessoas. “Diziam que eu permitia os abusos dele, que bastaria dar uns
tapinhas”, afirma. “Minimizavam a situação, falavam que Gustavo tinha apenas
uma adolescência conflituosa.” O garoto roubou dinheiro da família, destruiu a
casa 3 vezes, cortou a orelha do pai e golpeou as costelas da mãe, que foi
parar no hospital por isso. “Às vezes, eu acordava no meio da noite e ele
estava nos observando dormir. Percebi que nos mataria a qualquer momento”,
conta Natália. “Enfrentei todas essas situações, esperei o que estipula a lei
(protegê-lo até os 21 anos) e dei por terminado esse calvário. Não o vejo
mais.” Natalia tomou a decisão em 1993, após fazer terapia e decidir que o filho
era irrecuperável. O casal acabou expulsando o garoto de casa – por puro medo
de ser assassinado. “Muitas mães continuam carregando essa situação nos ombros.
Outras morrem nas mãos de seus filhos”, afirma. Gustavo é a minoria da minoria.
Há crianças que são agressivas e perversas como ele era na infância – mas não
necessariamente se tornarão adultos problemáticos. Elas batem nos irmãos e
tiram objetos dos pais, por exemplo, mas tudo passa após uma etapa de ajuste.
“Não podemos jamais concluir que crianças com distúrbios de comportamento serão
psicopatas no futuro. Por isso, não se dá o diagnóstico de psicopatia antes dos
18 anos”, diz o psiquiatra forense Guido Palomba. Mas algumas crianças que
apresentam esses distúrbios vão, sim, se tornar adultos psicopatas, por mais
acompanhamento e tratamento que recebam. É o caso de Gustavo: ele nasceu e vai
morrer assim. Hoje, aos 40 anos, busca contato com os parentes – mas só para
prejudicá-los. Roubou objetos dos pais na única vez que o deixaram entrar em casa.
“Continuo em terapia porque a dor de perdê-lo foi dilacerante. Senti culpa e
saudade, mas sei que para ele eu não valho nada”, diz Natália.
“Às vezes, eu acordava no meio da noite e ele estava nos
observando dormir. Percebi que nos mataria a qualquer momento.” – Natália, mãe
de Gustavo. Argentina.
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