André tinha 3 anos quando começou a fazer terapia. Segundo
Claudia, a mãe, era muito arteiro. “Ele queimava os brinquedos e depois apagava
com água e terra. Aos 4, queimou um armário inteiro que ficava fora da casa.
Uma vez colocou fogo debaixo do carro usando papel e fósforo, e por sorte não
houve uma explosão. Eu e meu marido demos uma bronca, como qualquer pai faria”,
diz Claudia. Os especialistas disseram que o menino era hiperativo com déficit
de atenção. Ele era simpático e conversador, mas mentia demais, e com extrema
convicção.
Aos 15 anos, André entrou numa fase mais agressiva. “Ele nos
xingava e dizia que ia nos matar. Que explodiria uma bomba em casa. Tentava
montar artefatos com fios e adubo do jardim. Eu dormia trancada no quarto com
meu marido e o outro filho”, diz a mãe. “Uma vez, ele pegou uma faca e veio
andando em nossa direção completamente surtado. Foi necessária a intervenção da
polícia, que é despreparada para lidar com pessoas nesse estado.”
Já adulto André foi diagnosticado com transtorno anti-social
– equivalente, no caso dele, a psicopatia. “Ele tem atitudes inesperadas. Age
como uma pessoa normal e tem inteligência admirável. O problema é quando
explode”, diz Claudia. Segundo ela, o pior de ter um filho problemático é a
incerteza constante. “Uns dias são melhores, outros piores, e você nunca sabe o
que virá”. “Não está escrito na testa que eles são psicopatas. Passarão pela
vida sem que as outras pessoas saibam. Nós, como pais, só queríamos que fossem
pessoas capazes de conviver em sociedade, trabalhar, criar e manter suas
famílias. Principalmente, que fossem felizes.” Hoje, aos 33, André trabalha
como técnico em computação e ainda mora com os pais. “Ele tem ficado mais
tranquilo com o tempo. Rezo para que continue assim”, diz Claudia.
“Ele era uma panela de pressão prestes a explodir sem motivo
aparente, ou quando era contrariado.” – Claudia, 56 anos, estudante de direito,
mãe de André, 33, São Paulo.
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